Higino era grego e filho de um filósofo ateniense. Governou a Igreja por quatro anos entre 136 a 140. No segundo século, santo Irineu voltando de uma viagem à Roma para a Ásia Menor elaborou um calendário litúrgico do Oriente para homenagear todos os sucessores de São Pedro em Roma. Neste elenco Higino ocupou o nono lugar. Por esta razão ficou fora do calendário litúrgico de Roma. A sua “memória” só introduzida no século doze, quando a Igreja uniu os dois calendários litúrgicos dos santos e mártires.
Não há dúvida alguma quanto a sua existência. Higino foi o único a usar este nome e morreu pelo testemunho da fé. O Livro dos Pontífices e o Martirológio Romano afirmam que Higino sofreu o martírio no dia 11 de janeiro durante a perseguição de Antonino Pio e foi sepultado junto de São Pedro no Vaticano. Alguns estudiosos discordam que ele tenha sido mártir, mas que foi santo por outros méritos.
Seu governo foi não só perturbado pelas perseguições aos cristãos, mas também pelos focos de heresia que começavam a nascer na Igreja dos primeiros tempos. Contando com a ajuda de São Justino, filósofo, condenou as heresias e os heresiarcas, e conseguiu triunfar diante desses perigos. Valentim e Cerdon, os heresiarcas que ousaram enfrentar Roma, foram excomungados pelo papa Higino. Ele se esmerou na preservação da integridade do ensinamento evangélico de Cristo.
Higino ousou mais, quando tomou como exemplo o poderoso imperador Adriano. Mexeu nas estruturas hierárquicas e as tornou mais precisas, instituindo as Ordens menores para melhorar o serviço da Igreja e a preparação ao sacerdócio mediante uma aproximação progressiva aos Santos Mistérios. À ele também se deve o costume de se ter padrinho e madrinha nos batismos.
Seu culto se manteve no dia 11 de janeiro conforme a tradição da Igreja, e os fiéis o fazem ainda hoje um dos Santos mais populares e queridos de sua devoção.
Santo Higino Papa, rogai por nós!
Texto: Padre Rodrigo Maria
Vídeo: Padre Guido Mottinelli
Este primeiro volume tem o fascínio de debruçar-se sobre os primórdios do cristianismo, quando quase se sente ainda o alento da presença física do Mestre. Observamos a constituição da Igreja, os seus ímpetos iniciais e os dilemas que teve de resolver desde a primeira hora, o seu assombroso crescimento e desenvolvimento sob a ação do Espírito vivificador. Uma terceira raça, que se desprenderia do judaísmo e se oporia ao paganismo, insere-se agora nos rumos da História, não sem embates dolorosos que se estendem, sangrentos, até o advento de Constantino. Ao longo dos primeiros quatro séculos, o período abrangido por este volume, vamos acompanhando a ação dos Apóstolos, principalmente dessas colunas da Igreja que foram São Pedro e São Paulo; a gesta de sangue dos mártires; o perfil dos grandes santos e dos primeiros forjadores das letras e das artes cristãs; o desenrolar do culto, da liturgia da Missa e da piedade; a formação dos quadros – sempre dentro do marco de uma sociedade que vemos desagregar-se numa lenta agonia, numa exaustão que talvez se esteja repetindo nos tempos atuais, mas que, também como hoje, se abre em última análise à esperança da ´revolução da Cruz´. É todo um processo de revezamento, a que não faltam as sombras d os conflitos internos e o claro-escuro dos erros que se prenunciam.