Francisco Régis nasceu em Fontcouverte, na França, em 1597. Sentiu, desde criança, a vocação para a vida religiosa, ingressando na Companhia de Jesus. Dedicou-se especialmente aos marginalizados e doentes, num período em que a França sofreu com a peste negra.
Jesuíta admirável, totalmente empenhado na catequese das crianças e na pregação do Evangelho, viveu sempre ao lado das pessoas simples pelas quais tinha uma predileção tão especial que chegava a afirmar que sem elas não podia viver. Visitava sistematicamente as prisões e os hospitais, prestando assistência aos necessitados e nada o fazia desanimar: nem o cansaço, nem os perigos, nem mesmo as restrições de um superior medíocre. Mas, como acontece com quase todos aqueles que se empenham em praticar o bem desinteressadamente, ele foi invejado e caluniado. Soube, contudo, e apesar de tudo, calar, perdoar e rezar pelos seus perseguidores e difamadores.
Ele queria ser missionário, mas Deus quis que ele permanecesse na França, cumprindo seu ministério, inclusive combatendo algumas heresias, contra o protestantismo e o anglicanismo. Em 1663 São João Francisco Régis foi mandado para Vivarais, um conturbado centro calvinista, onde através da oração e do exemplo de vida levou muitos a se converterem à fé cristã. Algum tempo depois ele foi para Velay onde tentou organizar uma pastoral de assistência aos necessitados e aos prisioneiros.
Francisco manteve-se firme na fé, no seu batismo, defendendo a doutrina de Cristo. Faleceu na França em 1640 com 43 anos de idade e em pleno exercício de suas atividades missionárias. Dirigia-se para uma aldeia no frio mês de dezembro, quando se perdeu devido à neve que cobria os caminhos. Apesar da quase impossibilidade de chegar a tempo ao compromisso, não desistiu. Seguiu em frente, mas somente três dias depois chegou ao local da missão onde, mesmo ardendo em febre, pregou e atendeu confissões. Desmaiou na cadeira do confessionário e foi levado para o quarto, atacado por uma pneumonia. Foi canonizado pelo Papa Clemente XII. .
São Francisco Régis, rogai por nós!
MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II
POR OCASIÃO DO IV CENTENÁRIO
DO NASCIMENTO DE SÃO JOÃO FRANCISCO RÉGIS
D. Jean BONFILS
Bispo de Viviers
O IV centenário do nascimento de São João Francisco Régis convida a Igreja universal a dirigir o seu olhar para esta elevada figura de santidade, a fim de haurir do seu exemplo o melhor daquilo que ele pode oferecer ao homem contemporâneo.
Numa França que acabava de sair das ruínas provocadas pelas guerras de religião que haviam ensanguentado o final do século XVI, São João Francisco Régis surgiu como um homem providencial, chamado por Deus a dar nova força e coragem a um inteiro povo deixado de parte e abandonado a si mesmo. Quando a situação nos campos e nas cidades das regiões de Vivarais e de Velay era verdadeiramente desastrosa, João Francisco partiu pelos caminhos à procura da ovelha tresmalhada. Mediante a simplicidade da sua palavra e uma caridade ilimitada, sensibilizava o coração dos pequeninos e dos humildes para os elevar ao amor de Deus e os guiar na sequela de Cristo. O seu ministério de pregador e de confessor tornou-se rapidamente renomado. Ele sabia levar a paz às almas e às cidades, a reconciliação às famílias, convencido do poder das palavras de Cristo: «Dou-vos a minha paz. A paz que vos dou não é a paz que o mundo dá» (Jo 14, 27).
A sua acção arraigava-se na espiritualidade de Santo Inácio de Loiola. Com efeito, membro da Companhia de Jesus, sabia que sem uma entrega total de si à vontade divina, o ser humano, o fiel, o sacerdote não pode ter qualquer eficácia concreta: «Sem mim não podeis fazer nada», diz Jesus Cristo (Jo 15, 5). Eis por que durante toda a sua vida procurou pôr em prática os conselhos evangélicos e cultivou ao mais alto nível a disponibilidade à acção da Providência e a humildade do servidor nas provações da sua corajosa vida missionária.
Hoje ainda e mais que nunca, tais disposições constituem um modelo preeminente para todos os que querem seguir as pegadas do Senhor e confiar-Lhe a própria vida para que Ele faça dela uma oferenda ao louvor da Sua glória (cf. Ef 1, 6). A pacificação dos corações e das sociedades parecia como uma das missões essenciais do fim do século XX. Perante uma certa perda de pontos de referência, é importante evocar a luminosa verdade do Evangelho. Assim como João Francisco Régis soube fazê-lo na sua época, os fiéis do nosso tempo são convidados a entregar-se a Deus numa confiança total para serem, entre eles e «entre todos os povos da terra» (Dt 7, 6), testemunhas alegres e generosas da Boa Nova da salvação oferecida a todos os homens.
Em menos de dez anos de ministério, esta figura francesa da santidade conseguira, graças a Deus, conduzir a Cristo uma imensa multidão de homens, mulheres e crianças de todas as idades e condições. São João Francisco Régis seja guia e luz para os anos que nos separam do Grande Jubileu do Ano 2000! Que ele mostre os caminhos da santidade, aos sacerdotes o do serviço sacerdotal, aos leigos o da paz e da fraternidade, aos religiosos e às religiosas o do dom pessoal na pobreza; demonstre a todos que Cristo, nossa Páscoa e nossa paz definitiva, não cessa de chamar o homem ao Seu seguimento, para lhe dar a vida eterna! Este ano do IV centenário do nascimento de São João Francisco Régis seja manancial de graça para a Companhia de Jesus, para os fiéis da Diocese de Viviers e das regiões de Vivarais e de Velay, que ele percorreu anunciando o Evangelho; cada um sinta ainda mais que é chamado a viver plenamente na grande família da Igreja!
Estes são os bons votos que formulo para aqueles que participarão nas festividades do centenário, implorando à Virgem Maria que os conduza ao seu Filho ressuscitado, a Quem peço que acompanhe de maneira muito especial aqueles que farão a peregrinação de La Louvesc. A cada um, concedo do íntimo do coração a minha Bênção apostólica.
Vaticano, 27 de Maio de 1997.
Texto: RS21 / paroquiadesaopedro.org / w2.vatican.va
Vídeo: Padre Guido Mottinelli