O Demônio é real ou um mito?

Para alguns teólogos modernos, o diabo e seus demônios nunca existiram. Se Jesus se referiu a eles por várias vezes nos Evangelhos é porque estava fazendo uma concessão à mentalidade da época. Em pleno século XX não seria possível que o homem moderno acreditasse nesses seres. Mas, será mesmo? Qual é a fé da Igreja sobre o tema? O Catecismo da Igreja Católica, a partir do número 391, fala especificamente sobre a queda dos anjos:

“Por trás da opção de desobediência de nossos primeiros pais há uma voz sedutora que se opõe a Deus e que, por inveja, os faz cair na morte. A Escritura e a Tradição da Igreja veem nesse ser um anjo destronado, chamado Satanás ou Diabo. […] A Escritura fala de um pecado desses anjos. Essa queda consiste na opção livre desses espíritos criados, que rejeitaram radical e irrevogavelmente a Deus e seu Reino. […] É o caráter irrevogável de sua opção, e não uma deficiência da infinita misericórdia divina, que faz com que o pecado dos anjos não possa ser perdoado. Não existe arrependimento para eles depois da queda, como não existe para os homens após a morte. […] A Escritura atesta a influência nefasta daquele que Jesus chama “o homicida desde o princípio”… […] A mais grave dessas obras devido às suas consequências, foi a sedução mentirosa que induziu o homem a desobedecer a Deus.”

O IV Concílio de Latrão, realizado em 1215, ao promulgar a definição contra os cátaros e albigenses, afirmou que:

“Cremos firmemente e confessamos sinceramente que um só é o verdadeiro Deus eterno e incomensurável, imutável, incompreensível, onipotente e inefável, Pai e Filho e Espírito Santo: três pessoas, mas uma só essência, substância ou natureza absolutamente simples. O Pai não provém de ninguém, o Filho só do Pai, o Espírito Santo de modo igual de um e de outro, sempre sem início e sem fim. O Pai gera, o Filho nasce, o Espírito santo procede. São consubstanciais, co-iguais, co-onipotentes e co-eternos: único princípio do universo, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, espirituais e materiais, que com sua força onipotente desde o princípio do tempo criou do nada uma e outra criação: a espiritual e a material, isto é, a angelical e a mundana; e, depois, a humana, de algum modo comum a ambas, constituída de alma e de corpo. Pois o diabo e os outros demônios foram criados por Deus naturalmente bons, mas por si mesmos se transformaram em maus. Já o homem pecou por sugestão do diabo.” (DH 800)

Além disso, o Novo Testamento menciona o diabo e seus demônios cerca 511 vezes e nunca por razões especulativas. Jesus, em nenhum momento de sua vida, principalmente em matéria religiosa, adaptou-se à realidade da época. Por outro lado, existe uma vertente cada vez mais numerosa de pessoas que não só creem na existência do Diabo, como estão a cultuá-lo. O satanismo, infelizmente, é uma realidade nas sociedades modernas.

Para o católico, crer na existência do Diabo e dos seus demônios faz parte dos dogmas essenciais da fé. Sem eles, não seria possível compreender plenamente a natureza da libertação realizada por Cristo. Os Santos Padres falavam sobre o entrelaçamento dos dogmas, ou seja, crer no dogma da redenção implica em saber que a libertação foi da escravidão do demônio, e assim por diante. É o grande mistério da iniquidade, definido pelo Catecismo da Igreja Católico no relato da ‘Queda’:

“Deus é infinitamente bom e todas as suas obras são boas. Todavia, ninguém escapa à experiência do sofrimento, dos males existentes na natureza – que aparecem ligados às limitações próprias das criaturas – e, sobretudo, à questão do mal moral. De onde vem o mal? ‘Eu perguntava de onde vem o mal e não encontrava saída’, diz Santo Agostinho, e sua própria busca sofrida não encontrará saída, a não ser em sua conversão ao Deus vivo. Pois ‘o mistério da iniquidade’ só se explica à luz do ‘Mistério da piedade’.
A revelação do amor divino em Cristo manifestou ao mesmo tempo a extensão do mal e a superabundância da graça. Precisamos, pois, abordar a questão da origem do mal fixando o olhar de nossa fé naquele que, e só Ele, é o Vencedor do mal.” (CIC 385)

Nestes tempos em que a humanidade se julga autossuficiente, capaz de derrotar sozinha o Mal (como os pelagianos), é bom recordar a absoluta necessidade que o homem tem de Deus, da salvação e da liberdade que só podem vir Dele. A fé da Igreja não deve suscitar medo; pelo contrário, deve iluminar a vida. Aquele que crê na existência de Satanás, deve crer e confiar também na Redenção realizada por Cristo.

 

Fonte: A Resposta Católica Vol I. Edt Eclessiae & Co-Edt Cléofas, págs 25 a 27.
Vídeo: Padre Paulo Ricardo.


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No ano de 2010, na sua tradicional mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Santo Padre Bento XVI fez um apelo a todos os sacerdotes para que aproveitassem “com sabedoria as singulares oportunidades oferecidas pela comunicação moderna”. Obedecendo a esse chamado, a Equipe Christo Nihil Praeponere lançou, no mesmo ano, o que viria a se tornar um dos sites mais influentes do Brasil. Sustentado pelas três alvuras da fé católica, “fidelidade ao Papa”, ” devoção mariana” e “adoração eucarística”, o site é um instrumento de evangelização eficaz, pelo qual Padre Paulo Ricardo ensina com franqueza – e sem as amarras politicamente corretas – a fé tradicional da Igreja de Cristo. Uma das seções mais acessadas do site é o programa “A Resposta Católica”, que surgiu em março de 2011, a fim de atender a centenas de pessoas que escrevem todos os dias à procura de respostas para suas inquietações e dúvidas sobre a fé e a moral católicas. Alguns dos episódios transcritos foram reunidos para compor este livro. Os assuntos estão organizados por temas, que são os mais variados: desde as principais dificuldades em relação à doutrina, até a maneira como a Igreja se coloca diante dos problemas cotidianos, indicando as suas orientações para o fortalecimento da fé e a prática da virtude cristã.


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