Os Anjos na vida consagrada à Maria e fiel ao Rosário

Se em toda a Sagrada Escritura a presença dos anjos é descrita ricamente, no Novo Testamento esta presença ganha uma grande relevância.

O Mistério da Encarnação, no início do Evangelho, é anunciado por São Gabriel e Maria Santíssima. Realmente toda a vida de Maria Imaculada – e também de São José – será marcada pelo ministério angélico.

A piedade cristã sempre soube ver o grande vínculo entre os Santos Anjos e a Mãe de Deus. Toda a Igreja clama Maria como Regina Angelorum, Rainha dos Anjos.

A serva de Deus, Madre Maria dos Anjos Sorazu (1873 – 1921), foi abadessa da Ordem da Imaculada Conceição, do Mosteiro de Vaaldolid, na Espanha. Ela foi uma destas almas que se destacam pelo grande amor pela Imaculada. Alma mística, de profunda oração, alcançou grande união com Deus, através da Imaculada Medianeira. Ela mesma descreveu, em sua Autobiografia, como após sua consagração a Maria Santíssima sua união com Deus aumentou enormemente.

A Madre Sorazu teve uma especial devoção pelos anjos, motivo pelo qual recebeu o nome de “Maria dos Anjos” quando tornou-se religiosa. Vivia em grande união com seu Anjo da Guarda e com todos os anjos, que a conduziam ao Sacrário para adorar Nosso Senhor, e a levavam a amar mais e louvar a Rainha dos Anjos.

Assim, ela mesma nos conta:

“Eu via os anjos extáticos de amor e admiração contemplando, ora as perfeições da Senhora, ora sua correspondência à graça e suas relações divinas com Deus e seu Unigênito humanado. Logo, acercando-se mais a minha alma, mostravam-se como modelos para que me inspirassem neles nas minhas relações com Deus e com a Virgem, abrasados em divinos incêndios, revelando em sua atitude e profunda veneração e estima que sentem por Deus e por sua Mãe. Depois, os via como companheiros em meu desterro e coadjutores da alma na empresa de amar e glorificar meus soberanos amores Jesus e Maria no céu, nos ministérios de sua vida mortal e na Sagrada Eucaristia. Onde quer que contemplasse a Jesus e a Maria, via-os sempre rodeados de uma multidão de anjos, inclusive no Calvário, que se apresentava a mim povoado de espíritos celestes como de átomos o ar”.

Era tão grande o amor que seu anjo inspirava a nossa Mãe Imaculada, que ela chegava a pensar que tinha o mesmo anjo de São Luís Maria de Montfort (1673 – 1716), apóstolo da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem: “O sentimento mariano que, como nota musical, ressoa no fundo do meu ser com força crescente é também a confirmação da doutrina do B. Montfort. Mais de uma vez pensei se acaso o meu Anjo da Guarda não será o mesmo que guardou o Beato, e por isso abrigo os mesmos sentimentos com relação à Virgem”.

Quem melhor que o nosso Anjo da Guarda para nos ensinar a amar Maria Santíssima? Quem melhor do que ele pode nos ensinar o que significa ser consagrados à Imaculada?

A ternura maternal de Maria inúmeras vezes se manifesta em nossa vida espiritual nas pequenas coisas, particularmente através do cuidado de nosso Anjo da Guarda. Então, quem melhor do que ele para nos ensinar a amar e a contemplar a Imaculada? E que melhor caminho para crescer na união com Cristo que Maria Santíssima?

E de todos os louvores à Maria Santíssima, de todas as devoções a Ela dedicadas, destaca-se o Sacratíssimo Rosário. Louvado pelos Sumos Pontífices, enriquecido de indulgências, cercado de milagres e pedido pela própria Rainha do Céu.

Particularmente, na vida dos santos, vemos a grande eficácia do Rosário como escola de vida interior e contemplação da vida de Jesus e Maria.

A Venerável Irmã Maria Dolores Inglese (1866 – 1928) foi uma alma extraordinariamente mariana. Religiosa italiana das Servas de Maria Reparadoras, fundadas pela Serva de Deus Madre Elisa Andreoli, já antes de seu ingresso na vida religiosa, foi destacada Apóstola das Dores de Maria.

Ainda leiga, costureira, por uma série de sonhos, recebeu de Maria Santíssima a inspiração de iniciar a Reparação Mariana, movimento mariano de Reparação.

No seu caminho de fidelidade ao Evangelho da Cruz, também teve que sofrer ataques do maligno. Certa vez, ele se lançou contra ela dizendo:

“O que mais me faz sofrer é o Rosário inteiro que tu recitas a cada dia! Vê, por causa desta oração, não posso te tentar para te fazer cair no pecado, no qual gostaria de te conduzir”

Ela lhe responde: “Muito bem! Diante do que me dizes, jamais abandonarei esta oração”. Ele se jogou sobre ela para a estrangular. Então, apareceu seu Anjo da Guarda e, protegendo-a com suas asas, expulsou o maligno.

O Anjo sempre nos protege e sempre nos conduz à oração. Portanto, a fidelidade à oração e ao Rosário é caminho seguro para fugir do pecado. E neste caminho, o nosso anjo é nosso auxílio fiel.

Nos ataques e tentações, quando a fidelidade ao Rosário e as nossas orações ficam difíceis, devemos recorrer aos Santos Anjos. Eles nos ajudarão neste caminho de fidelidade.

Os anjos serão nossos mestres em nossa vida de oração cotidiana e relação filial com Maria Santíssima. Tenhamos o hábito diário de orar pedindo a presença de nosso Anjo da Guarda e rezar pelo menos um Terço com ele, contemplando a vida de Jesus e Maria.

 

 Fonte:  Os Anjos na vida dos Santos – Histórias e meditações
 págs 67 à 73, Ed. Ecclesiae.

Este livro livro reúne algumas meditações acerca do Ministério dos Santos Anjos, em particular do Anjo da Guarda. Nas histórias narradas, aparecem inúmeros relatos de intervenções angélicas, surpreendentes e extraordinárias. Esses dons que Deus derramou em seus santos para edificação da Igreja, nos servem como sinal sensível da realidade da Fé.

São 31 meditações sobre a presença e atuação dos anjos na vida dos santos. No final de cada meditação, o autor sugere um Propósito para o dia, que reforça a meditação e nos ajuda a viver melhor o nosso chamado à santidade.

Sobre o autor:
José Eduardo Câmara de Barros Carneiro nasceu em Colatina, Espírito Santo, e reside atualmente em Vitória. É advogado, professor e tradutor. Nos últimos anos, também se dedica a um trabalho de cooperação com a Vida Consagrada, para tradução de textos e estudos de Teologia Vivida dos Santos.


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